Novas práticas, antigos rituais: A organização do cotidiano e as configurações de poder na mídia

Autores

  • Bruno Campanella UFF

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre transformações recentes nas práticas de consumo midiático ligadas à emergência de mídias alternativas, e como as mesmas afetam os processos de criação e legitimação de uma forma dispersa de poder, tradicionalmente associado aos meios de comunicação de massa. O mito de que meios de comunicação como a TV, o rádio e o jornal funcionam como ligação para uma espécie de “centro do social” tem sido convenientemente endossado pela indústria midiática ao longo da história, uma vez que legitima formações identitárias e modos de narrativa que maximizam interesses comerciais (COULDRY, 2012; TURNER, 2010). O ordenamento de ações cotidianas a partir de categorias baseadas na divisão entre o que está relacionado à mídia, e o que não está, desempenha papel estruturador de uma dinâmica tipicamente contemporânea de poder. Esta dinâmica, contudo, tem se modificado com a popularização das redes sociais na internet. Se, por um lado, o surgimento de novas práticas da audiência têm diversificado as possibilidades de organização do social, por outro, elas parecem reforçar antigas formas de ritualização midiática responsáveis pelo papel preponderante que os meios massivos de comunicação ainda desempenham na sociedade atual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruno Campanella, UFF

Professor do departamento de Estudos Culturais e Mídia e membro do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, ambos da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Referências

ANDERSON, Chris. The long tail: why the future of business is selling less of more. Hyperion eBook, 2008.

ANDERSON, Benedict. Imagined Communities. Londres: Verso, 2006[1983].

BARTHES, Roland. Mythologies. London: Paladin, 1973.

BRUNS, Axel. Blogs, Wikipedia, Second Life, and beyond. Nova York: Peter Lang, 2008.

BURGESS, Jean & GREEN, Joshua. Youtube: online video and participatory culture. Cambridge: Polity Press, 2009.

CAMPANELLA, Bruno. Os olhos do grande irmão: Uma etnografia dos fãs do Big Brother Brasil. Porto Alegre: Sulina, 2012.

CAREY, James. Communication as culture. Nova York: Routledge, 2009.

COULDRY, Nick. Playing for celebrity: Big Brother as ritual event. Television and New Media, vol. 3, n.3, p. 283-293, 2002.

______. Media Rituals: A critical approach. Londres: Routledge, 2003.

______. Media rituals: beyond functionalism. In: ROTHENBUHLER, Eric W. e COMAN, Mihai. (eds.) Media anthropology, p. 59-69. Thousand Oaks, CA: Sage, 2005.

______. Media, Society, World: Social theory and digital media practice. Polity Press: Cambridge, UK, 2012.

DAYAN, Daniel e KATZ, Elihu. Media events: the live broadcasting of history. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1992.

DOUGLAS, Mary. Purity and danger. Londres: Ark Paperbacks, 1984.

DURKHEIM, Emile. The elementary forms of religion. Nova York: Free Press, 1995 [1912].

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I. São Paulo: Editora Graal, 1988.

FRITH, Simon. The pleasures of the heart. In: DONALD, J. (ed.). Formations of pleasure. Londres: Routledge, 1983.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência: A colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Aleph, 2009.

MORLEY, David. Television, audiences & cultural studies. Londres: Routledge, 1992.

SILVERTONE, Roger. Let us return to the murmuring of everyday practices: a note on Michel de Certeau, television and everyday life. Theory, Culture and Society, vol.6, p. 77-94, 1989.

TURNER, Victor. Dramas fields and metaphors. Ithaca, NY: Cornell University Press, 1974.

TURNER, Graeme. Ordinary people and the media: The demotic turn. Sage: Londres, 2010.

YTREBERG, Espen. Extended liveness and eventfulness in multi-platform reality formats. New Media & Society, vol.11(4), p. 467-485, 2009.

Downloads

Publicado

2014-05-19

Como Citar

CAMPANELLA, Bruno. Novas práticas, antigos rituais: A organização do cotidiano e as configurações de poder na mídia. Revista GEMInIS, [S. l.], p. 8–12, 2014. Disponível em: https://revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/view/176. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê