A imagem velada: o informe luminoso

Autores

  • Jacques Aumont Universidade Paris III - Sorbonne Nouvelle

Palavras-chave:

cinema, representação, técnica, luz

Resumo

O cinema inventou, meio-século mais tarde, se vangloriou como sendo a mais perfeita repro-dução possível da realidade, do mundo. O velamento nos lembra que essa perfeição, em seu automatismo, está sujeita ao erro – um erro não humano e, além do mais, fascinante. O véu –e aqui, pouco importa que seja acidente luminoso ou acidente químico – é o que deixa advir, no tecido “sem costura” do filme ideal, uma falha, uma fissura. O que se vê nessa ruptura? O real? Nada? Um mundo de formas fantásticas livremente interpretáveis? Sente-se que a res-posta depende da ideia que se fez do cinema e até mesmo do cinematógrafo. Emprego essa palavra de modo intencional, a qual Robert Bresson e Eugène Green opuseram nitidamente, como se sabe, ao cinema vulgar, que se contenta em fazer encenar fábulas com atores. Nessa concepção extrema, o cinema é muito simplesmente o que revela o real sob a realidade , e para ela o véu é uma incongruência: seja, caráter pueril de luz, acentua indevidamente e faz significar um dado do mundo, essencial, mas por essência mudo; seja, mácula de dissolução física, autoriza a matéria a se manifestar no mundo também ilegitimamente. Palavras-chave: cinema; representação; técnica; luz.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jacques Aumont, Universidade Paris III - Sorbonne Nouvelle

É crítico e universitário (professor emérito da Universidade Paris III - Sorbonne Nouvelle,diretor de estudos na E.H.E.S.S.), e ensina atualmente na École nationale supérieure des Be-aux-arts. E-mail: jacques.aumont@univ-paris3.fr

Referências

AUMONT, Jacques. L’Attrait de la lumière, Belgique/France : Éditions Yellow Now/ les Belles Lettres, 2010.

BAZIN, André. "Ontologie de l’image photographique", 1945, Qu’est-ce que le cinéma?, 1, Éd. du Cerf, 1958.

BERTETTO, Paolo. Lo specchio e il simulacro. Il cinema nel mondo diventato favola, Mila-no: Bompiani, 2007.

BRENEZ, Nicole. "Couleur critique. Expériences chromatiques dans le cinéma contempo-rain" (1995), De la figure en général et du corps en particulier, Paris-Bruxelles, De Boeck, 2000.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Images malgré tout, Paris : Éd. de Minuit, 2003.

ELIAS, Norbert. Du Temps (1984), France : Librairie Arthème Fayard, 1996. GREEN, E. Poétique du cinématographe, France: Actes Sud, 2009.

MERLEAU-PONTY, Maurice. "Le cinéma et la nouvelle psychologie", Sens et non sens, Paris : Nagel, 1948.NOGUEZ, Dominique. Une renaissance du cinéma. Le cinéma « underground » américain

(1985), Paris : Paris Expérimental, 2002.

WOERNER, Meredith. “J. J. Abrams Admits Star Trek Lens Are ‘Ridiculous’” Disponível

em: http://io9.com/5230278/jj-abrams-admits-star-trek-lens-flares-are-ridiculous. Acessado em: 11.10.2015.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Remarques mêlées, Mauvezin: T.E.R., 1990. ZERNIK, Clélia. Perception-cinéma. Les enjeux stylistiques d’un dispositif, Paris : Vrin, 2010.

Downloads

Publicado

2015-12-11

Como Citar

AUMONT, Jacques. A imagem velada: o informe luminoso. Revista GEMInIS, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 9–29, 2015. Disponível em: https://revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/view/237. Acesso em: 22 dez. 2024.