Novas práticas, antigos rituais: A organização do cotidiano e as configurações de poder na mídia

Autores

  • Bruno Campanella UFF

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre transformações recentes nas práticas de consumo midiático ligadas à emergência de mídias alternativas, e como as mesmas afetam os processos de criação e legitimação de uma forma dispersa de poder, tradicionalmente associado aos meios de comunicação de massa. O mito de que meios de comunicação como a TV, o rádio e o jornal funcionam como ligação para uma espécie de “centro do social” tem sido convenientemente endossado pela indústria midiática ao longo da história, uma vez que legitima formações identitárias e modos de narrativa que maximizam interesses comerciais (COULDRY, 2012; TURNER, 2010). O ordenamento de ações cotidianas a partir de categorias baseadas na divisão entre o que está relacionado à mídia, e o que não está, desempenha papel estruturador de uma dinâmica tipicamente contemporânea de poder. Esta dinâmica, contudo, tem se modificado com a popularização das redes sociais na internet. Se, por um lado, o surgimento de novas práticas da audiência têm diversificado as possibilidades de organização do social, por outro, elas parecem reforçar antigas formas de ritualização midiática responsáveis pelo papel preponderante que os meios massivos de comunicação ainda desempenham na sociedade atual.

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Biografia do Autor

Bruno Campanella, UFF

Professor do departamento de Estudos Culturais e Mídia e membro do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, ambos da Universidade Federal Fluminense (UFF).

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Publicado

2014-05-19

Como Citar

CAMPANELLA, B. Novas práticas, antigos rituais: A organização do cotidiano e as configurações de poder na mídia. Revista GEMInIS, [S. l.], p. 8–12, 2014. Disponível em: https://revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/view/176. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Seção

Dossiê